Rebeca Andrade não é apenas, entre aspas, uma multimedalhista olímpica. Não se trata, digamos, somente – de novo, figura de linguagem –, de uma campeã, uma ganhadora de ouro na competição mais importante de esporte.
Neste final de semana, enquanto matutava a respeito das façanhas desta menina que orgulha o Brasil, suspirava: e se ela não tivesse nascido na mesma geração de Simone Biles? Se não fosse contemporânea da maior de todos os tempos – à frente, até, por que não, da lendária Nadia Comaneci? O que ela já teria abocanhado, pensava eu… Uns 300 ouros? Figuraria com mais frequência, e, talvez, em posições mais altas, nas listas de melhores da história?
Pois então… E não é que essa gênia de 25 anos, essa gigante de 1,55m de altura, hoje, mostrou que nem precisa da ausência de sua nêmesis e amiga para subir ao lugar mais alto do pódio? Que é capaz de bater quem, a despeito da posição de número um do planeta, a admira, a venera, e chegou a dizer, no melhor dos sentidos, que com ela não aguentava mais competir?
Rebeca Andrade tem tudo. Ela é tudo. Técnica, talento, esplendor físico, força mental inquebrantável, alta performance, corpo, mente, alma, esporte, arte… Sim, pois como representante, e aqui repito a adjetivação, genial, desta última área, com seus movimentos tão límpidos, quanto magnéticos, que emanam a grande beleza decantada por Paolo Sorrentino, mostra-se capaz de nos tirar do prumo por alguns instantes, nos colocar em outra dimensão.
Conforme diria Schopenhauer, suspende, nem que por poucos minutos, nosso pobre âmago dos ditames da Vontade, bloqueando, por alguns instantes, os males por esta produzido, e, assim fazendo, nos levando a tudo esquecer, nos livrando, por preciosos momentos, das agruras da força vital que nos domina.

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