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Olimpíadas, ironia e small talks…

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  • por em 2 de agosto de 2024
Bia Souza em momento emocionante nos jogos Olímpicos de Paris.

Bia Souza em momento emocionante nos jogos Olímpicos de Paris. (Foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)

É curioso, chega a ser irônico como, no Brasil, um país monotemático, unidimensional quando o tema é esporte, nas Olimpíadas, se trata de modalidades completamente negligenciadas por quatro anos entre cada ciclo dos jogos – e a imprensa tem alta parcela de culpa nisso, sempre na luta desesperada somente pela audiência.

Não se liga, não se fala sobre nada a não ser futebol e, de repente, as famosas small talks estão recheadas, sei lá, de Badminton. Nem tanto…

Em alguma medida, o fenômeno assinalado é natural, e menos mal que se valorize atletas em grande proporção e na maioria dos casos, abnegados, eventualmente, do que nunca. Deveríamos, porém, aproveitar o glamour, o esplendor do que se passa em Paris, para apreendermos a beleza, a emoção que reside nos mais diferentes tipos de disputas, e nos regozijarmos com elas também em mundiais, em nacionais…

Numa nação em que se aprecia, se apoia tão pouca coisa quando os temas são cultura e esporte, testemunharmos ouros como o de Bia Souza, no Judô, chega a emocionar. E troçar do nosso próprio desempenho no quadro de medalhas escapa do humor autodepreciativo charmoso, esbarrando na pura falta de noção.

Se não nos importamos por 99,9% do tempo por basicamente quase nada, se auxílios mínimos não se espalham orgânica e homogeneamente, não seria cara de pau exigir como em países com pegadas mais multifacetadas no tocante em tela, e com políticas públicas mais inteligentes na área em questão? Esperança de que vamos aprender algo esse ano e que o cenário vai mudar? Nenhuma.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.

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